Projeto de arquitetura assinado pelo escritório Skidmore, Owings & Merril revitaliza os laços entre o hospital e a comunidade.
Fotos: Eduard Hueber
Um novo plano de ocupação foi a alternativa encontrada pelo escritório americano Skidmore, Owings & Merril (SOM) para melhorar a relação entre o Kings County Hospital Center, em Nova York -- com área de quase 180 mil m2 --, e a comunidade do Brooklyn. Pulverizado em vinte edifícios obsoletos, cortados por corredores escuros e alas estreitas, o hospital enfrentava dificuldades no atendimento aos pacientes -- uma população, na sua maioria, carente, composta de minorias étnicas e desprovida de seguros particulares de saúde. Além de desorientar os usuários, essa quantidade de prédios tornava o conjunto ineficiente e difícil de manter. Reunir todas as instalações sob o mesmo teto, alternativa cogitada durante os anos 80, revelou-se cara demais e, na época, foi descartada.
Programada para terminar ainda em 2009, a reforma foi conduzida num período total de nove anos, durante os quais o hospital precisou funcionar normalmente -- condição que impôs um desafio logístico ao SOM Arquitetos, resolvido com um cronograma de cinco fases. Agora, o complexo organiza-se em três pavilhões interligados: Centro de Internação (com 340 leitos, foi o primeiro a ficar pronto, em 2001), Centro de Diagnóstico e Tratamento e Centro de Cuidados Ambulatoriais (ambos finalizados em 2006). As últimas etapas, previstas para terminar esse ano, são a construção do Centro de Saúde Comportamental, a demolição dos edifícios remanescentes e a realização do paisagismo.
Mais transparência e cor
Com aparência de fortaleza, o edifício antigo virava as costas à comunidade. "Hoje, ele dialoga com o contexto urbano ao mesmo tempo em que passa uma imagem unificada do hospital", comenta Elizabeth Kubany, diretora de relações-públicas do SOM. Voltada para a face sul (a mais ensolarada do Hemisfério Norte), uma cortina de vidro de três andares na fachada garante a transparência e a iluminação desejadas, além de integrar os ambientes internos aos externos, valorizando a relação com a rua. "O vidro utilizado é do tipo insulado, que controla o calor sem prejudicar a entrada de luz", explica o arquiteto Mustafa Abadan, do SOM.
O trecho envidraçado organiza, no térreo, as três entradas possíveis: a principal, a de emergência e do ambulatório. Nos dois pavimentos superiores, dá origem a um claro eixo de circulação e espera (batizado de Public Concourse) que interliga os três blocos do complexo. Essa estratégia de projeto encurta distâncias e facilita a orientação dos visitantes, o que ajuda a reduzir o estresse e elimina a sensação de opressão.
A diversidade étnica do bairro inspirou o design repleto de cor - que aparece, por exemplo, em detalhes no piso vinílico. "Os elementos coloridos garantem uma atmosfera lúdica e vibrante, condizente com a nova fase do hospital", diz Abadan.
Tanto as cores quanto a luz natural agora contribuem para o bem-estar de pacientes e acompanhantes. Sem a aparência sombria do antigo projeto, o Kings County Hospital Center passa uma imagem mais humanizada para vizinhança, propiciando maior segurança e conforto.
O Hospital
Leitos: 627 Consultas: 558 300 Atendimentos no pronto-socorro: 125 299 Nascimentos: 2 702
A Obra
Projeto: Skidmore, Owings & Merrill Localização: Brooklyn, Nova York Área: 46 450 m2 Custo: US$ 250 milhões
Os Materiais
Cortina de vidro e esquadrias de alumínio: Wausau Cobertura: American Hydrotech Forro acústico e piso vinílico: Armstrong Laminados plásticos: Wilsonart Bancadas: DuPont
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