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  • Foto do escritorNupeha

Inovações arquitetônicas em UTI cardiológica auxiliam na recuperação de pacientes

Técnicas construtivas mais avançadas e projeto que privilegia conforto de pacientes contribuem para recuperação mais rápida e diminuição do tempo de internação


UTI moderna: portas deslizantes asseguram privacidade de pacientes e facilitam trabalho no Santa Catarina

Há 40 anos, o médico brasileiro Euryclides de Jesus Zerbini realizou o primeiro transplante de coração no Brasil e deu um passo importante para combater as doenças cardíacas, ainda hoje a principal causa de mortes da população nacional. O que o doutor Zerbini talvez não pudesse imaginar é que, quatro décadas depois, a arquitetura dos hospitais também pudesse ajudar os médicos no tratamento dos pacientes que sofrem do coração.


Com a introdução de técnicas construtivas mais avançadas e a preocupação de priorizar o conforto dos pacientes, a UTI cardiológica do Hospital Santa Catarina de São Paulo, por exemplo, conseguiu reduzir drasticamente o número de retorno das internações. Desde sua inauguração, há cerca de dois anos, apenas dois pacientes tiveram de voltar para o local. “Quando você confina uma pessoa, a imunidade dela diminui. Mas se essa pessoa estiver confortável e confiar no tratamento, a recuperação é mais rápida”, avalia o cirurgião cardíaco Reinaldo Vieira, um dos médicos que mais participaram do planejamento do novo espaço. 


Janelas de vidro duplo com persianas insuladas permitem entrada de luz natural

Com 16 leitos, a arquitetura da UTI projetada pela Cabe Arquitetura privilegia, em todos os aspectos, o conforto de quem está internado. Uma das maiores diferenças em relação às UTIs convencionais são as janelas de vidro duplo com persianas insuladas colocadas nas paredes e divisórias. Elas permitem que o paciente, mesmo dentro da UTI, consiga ver o céu do lado de fora, receber luz natural e assim saber quando é dia ou noite – um parâmetro importante para manter estável a produção de hormônios.


O contato visual com o mundo externo estimula a recuperação, ao mesmo tempo em que os vidros duplos com tratamento especial protegem da entrada de raios ultravioleta e contribuem para aumentar o conforto acústico, inibindo os ruídos vindos da Avenida Paulista. “Além disso, o hospital obteve ganhos na manutenção da assepsia, pois as persianas insuladas não acumulam pó nem sujeira”, destaca a arquiteta Célia Bertazzoli, coordenadora do projeto.


Outra mudança significativa é o respeito à privacidade do doente, que fica em um espaço exclusivo com divisórias e portas deslizantes. Quando não quiser ser incomodado ou estiver com visitas, o paciente pode pedir que as portas fiquem fechadas.


Como a prioridade do hospital era assegurar um tratamento mais humanizado a seus pacientes, o projeto da UTI também investiu num aumento médio de 30% do espaço ocupado por cada leito. Um deles é especial, usado para casos mais graves em que o paciente precisa passar por um período de isolamento. Ali há, além de todos os itens dos demais leitos, também um banheiro privativo, como se fosse um  apartamento convencional.



As janelas pequenas, instaladas nas divisórias dos leitos, auxiliam no controle visual dos pacientes

Avanço profissional


O projeto arquitetônico da nova UTI do Santa Catarina também foi pensado para aumentar o conforto e a agilidade do trabalho diário de médicos e enfermeiros. Ao mesmo tempo em que servem para preservar a intimidade dos pacientes, as portas abrem-se totalmente, de maneira rápida, para facilitar a remoção do leito quando é necessário levá-lo para exames, por exemplo. Dessa maneira, foram eliminadas as manobras bruscas que geralmente ocorriam para transportar em conjunto o doente e os aparelhos a que precisa ficar conectado.


No centro da UTI, os móveis com design arredondados, sem quinas, também contribuem para agilizar a locomoção e evitar acidentes. É desse balcão que os enfermeiros acompanham os sinais emitidos pelos aparelhos ligados aos pacientes, o que acabou com os estressantes alarmes estridentes disparados em caso de emergência.


Outra das principais vantagens apontada pelos profissionais que já experimentaram a nova UTI é a possibilidade de manter o monitoramento visual dos doentes mesmo que estejam ocupados em outras atividades. Isso porque as portas possuem áreas transparentes e as divisórias dos boxes têm janelas cujas persianas podem ser abertas. Assim, o paciente continua sendo observado, mas sem perder a privacidade.



Móveis com design arredondado impedem acidentes nas quinas e facilita fluxo dentro da UTI

Praticidade e economia


Com os leitos colocados em áreas individuais, o Santa Catarina também conseguiu gerenciar melhor seus recursos energéticos. “Cada box possui aparelhos de TV e ar condicionado individuais. Isso permite que possamos desligá-los quando o leito não estiver ocupado e, assim, obter uma economia maior”, destaca Antonio Barroqueiro, gerente de infra-estrutura do hospital.


As paredes que separam os leitos são feitas de drywall, uma tecnologia que usa placas de gesso e estruturas de aço. Com essa tecnologia de construção que dispensa argamassa e tijolos, alterações de layout nos ambientes ficam mais rápidas e higiênicas de serem feitas no futuro. “Um hospital é um ambiente muito dinâmico e essa praticidade precisa ser levada em consideração”, destaca Célia.


Chefe da equipe de transplantes cardíacos do InCor, o cardiologista Noedir Stolf avalia como benéficas as mudanças ocorridas nos locais de internação para cardíacos, cujo tratamento costuma ser mais demorado. “É preciso tomar cuidado com assepsia, mas houve uma flexibilização na internação. Se o tratamento das doenças cardíacas começar cedo e os médicos contarem com uma estrutura adequada, a chance de cura aumenta bastante.”


Elogiada por sua eficiência, a UTI cardiológica do Hospital Santa Catarina já foi apresentada em seminários realizados no exterior. Mas foi no ano passado que ganhou ainda mais destaque, quando ficou à disposição do Papa Bento 16 durante sua vinda ao Brasil.


FICHA TÉCNICA


Cliente: Hospital Santa Catarina Data: 2004 / 2005 Projeto de arquitetura e coordenação: Cabe Arquitetura Projetos de instalações: AGM Engenharia Ar condicionado: Fundament-ar (projeto); Heating Cooling (execução)

FORNECEDORES


Piso: Tarkett Sommer - Ace Revestimentos Forro e divisórias dry-wall: Placo Caixilhos e portas deslizantes: Técnica Esquadrias Sistema de insulamento: Vidros Glassec e persianas Screenline da Euro Centro Iluminação: Lumicenter, Projeto e Ômega Construtora: Porfírio e Plaza

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