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Entrevista Hospital Arquitetura: Tulio Sabbato

Atualizado: 13 de mai. de 2019

Consultor da Comporte Participações, o engenheiro Tulio Sabbato, que trabalhou em Paris durante um ano, aponta os aspectos da legislação do tratamento de ar brasileira que poderiam ser aperfeiçoados


Comporte Participações S.A. - www.sabbato.eng.br


Tulio Sabbato, engenheiro civil, especializado em domótica na França, que trabalhou no escritório de engenharia, AACCES Qualité, no setor Ambientes - Moradia, fazendo recenseamento de textos, normas e recomendações relativas à qualidade do ar e da água em hospitais, clínicas e moradias

Formado há nove anos, o engenheiro civil Tulio Sabbato, pós graduado em automação e rede de computadores pela Universidade de Rennes na França, que trabalhou com controle do ar em Paris, em depoimento ao portal Hospital Arquitetura, compara a legislação para tratamento de ar nacional com a francesa, apontando as diferenças entre ambas e os aspectos que aqui poderiam ser melhorados.



Relate-nos a sua experiência na área de controle de ar em ambientes descontaminados.


Sou formado em engenharia civil com especialização em domótica (building management) pela Universidade de Rennes, na França. Trabalhei 12 meses na França em um escritório de engenharia, AACCES Qualité, de 2001 a 2002, no setor Ambientes - Moradia, fazendo recenseamento de textos, normas e recomendações relativas à qualidade do ar e da água em hospitais, clínicas e moradias; elaboração de projetos de assistência à concepção de estabelecimentos da saúde e da indústria; serviço de vistoria na construção de cozinha, construída em clínica de saúde - verificação das instalações e controle de qualificação operacional na entrega da obra (ar, água, superfícies). Na ocasião, participei da organização do 7° Congresso Nacional Qualibio, em Paris, que tem como objetivo a administração e a gestão dos riscos de infecção, com enfoque aos aspectos arquitetônicos dos hospitais.



Em que difere a legislação francesa da brasileira?


A legislação brasileira que regula a qualidade do ar de interiores é incipiente quando comparada à legislação francesa. Temos basicamente uma portaria e uma resolução. Existem centenas de leis e decretos na França que regulam a qualidade do ar nos centros cirúrgicos. Leis associadas a normas que determinam a taxa de umidade ideal para esses ambientes, características térmicas do prédio, diferentes zonas de risco para cada bloco cirúrgico etc. Tratam-se de riscos que são completamente negligenciados por aqui, como por exemplo, a legionella (doença do legionário ou legionelose é uma forma de pneumonia atípica causada pela bactéria Legionella pneumophyla). Sistemas são criados para evitar água estagnada nos dutos, circunstância que aumenta o risco de colônias dessa bactéria.



Fale da sua experiência em trabalhar na França com controle e condicionamento de ar em salas limpas e ambientes descontaminados?


Esses estudos são direcionados com um alto grau de planejamento na Europa. A sociedade europeia exige cada vez mais controles e leis que permitam excelência nos serviços médicos. Trabalhar na área me permitiu conhecer conceitos técnicos que podem ser aplicados no Brasil para reduzir a mortalidade por infecção hospitalar e consequentemente reduzir gastos com a saúde bem como evitar litígios e processos judiciais com famílias prejudicadas. Alguns cuidados na manutenção correta de dutos de ar condicionado e tubulações de hidráulica são medidas que apliquei em alguns relatórios que formulei no escritório em que trabalhei por algum tempo.



Em que poderíamos melhorar?


É imprescindível que o paciente tenha proteção desde o preparo de uma cirurgia até a sua liberação para a UTI ou quarto. Essa proteção inclui também a sala de recuperação que muitas vezes é esquecida. Devemos melhorar os procedimentos rotineiros dos profissionais da área de saúde. Existem casos de cirurgiões extremamente experientes que não limpam adequadamente seus óculos de proteção , expondo o paciente a apenas alguns centímetros de uma eventual zona de infecção. Ao meu ver temos problemas culturais que devem ser corrigidos dentro de uma estrutura hospitalar. Do ponto de vista técnico, acho que os filtros deveriam ser dimensionados de acordo com o EPM (Emissão de Partículas por Minuto) conforme cada tipo de cirurgia. Isso já é praticado na França e outros países da união. Operar o fluxo de ar com as bocas de saída com fluxos unidirecionais reduzem o risco de infecção pela metade.

 

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