Projetos arquitetônicos que levam em consideração uma iluminação mais adequada ajudam no restabelecimento de pacientes, criam ambientes mais agradáveis e ainda contribuem para economia de energia
A luz dentro de um ambiente é muito mais do que uma ferramenta para ajudar a visão humana a distinguir objetos e sombras. A intensidade, cores e quantidade de luminosidade interferem diretamente nas sensações que cada pessoa tem ao entrar pela porta. Dentro de hospitais, lugar geralmente associado a uma situação de risco, controlar a luz para oferecer estímulos tranqüilizadores e acolhedores é fundamental. Por isso, a luminotécnica, o estudo da aplicação da iluminação artificial em áreas internas e externas, é um aspecto cada vez mais importante dentro dos projetos arquitetônicos de edifícios da saúde.
Com o auxílio de um especialista no assunto, os hospitais conseguem equipar seus ambientes de espera, internação e procedimentos com um sistema de iluminação que proporcionará conforto e bem-estar aos usuários e às equipes que trabalham no local. Além disso, contribuirá bastante para diminuir os custos com um dos itens mais importantes para o hospital. “Investir em um projeto eficiente é fundamental, pois, entre outras coisas, reduz o consumo de energia com uma iluminação que não pode ser racionalizada”, afirma Neide Senzi, arquiteta e especialista em lighting designer.
O nível de redução de energia com uma iluminação mais racional dependerá muito do porte da organização e do uso que for feito nos ambientes internos. Contudo, pesquisas internacionais estimam que seja possível diminuir em até 40% o custo com esse quesito com a aplicação de sistemas e lâmpadas mais eficientes. No Brasil, muitos edifícios de saúde possuem instalações mal dimensionadas e antiquadas, o que pode contribuir para uma economia ainda maior depois de feitos todos os acertos necessários.
Graças ao desenvolvimento da luminotécnica, bastante difundida na Europa e nos Estados Unidos, hoje é possível projetar ambientes com iluminação individualizada, levando em conta a utilização que será feita do espaço. Alas infantis, por exemplo, precisam ter maior uniformidade nas cores e tonalidades de luz, porque o contraste e a escuridão total deixam as crianças assustadas. Já em setores geriátricos, a prioridade é evitar o ofuscamento da vista, uma situação comum ocasionada pelo desgaste tanto da retina quanto da córnea.
Espaços como a fachada do prédio devem ser bem iluminados, porém o uso de holofotes convencionais é um método rejeitado por organismos internacionais, como o Leed – em inglês, significa Liderança em Energia e Design Ambiental. Na recepção, luzes com menor intensidade de cor criam um clima mais aconchegante para os pacientes e seus acompanhantes. A sala de espera do Pronto Atendimento pode receber abajures e luzes indiretas, para criar um ambiente quase residencial e assim diminuir o nível de estresse geralmente encontrado.
Por outro lado, o centro cirúrgico e áreas de procedimento, onde a eficiência do corpo clínico é a prioridade, devem oferecer a maior quantidade de luz possível e sem que haja reflexos causados por objetos metálicos, por exemplo. Nesse ambiente é preciso seguir estritamente as normas técnicas e preocupar-se com a assepsia, mantendo luminárias e interruptores vedados.
As UTIs provavelmente são o setor dos hospitais que mais evoluíram com a luminotécnica. Isso porque a área precisa ser iluminada satisfatoriamente para que médicos e enfermeiros trabalhem, mas sem interferir no conforto dos pacientes, que precisam de um ambiente o mais acolhedor possível para se recuperar. Neide Senzi diz que a automação é a melhor solução para o caso. “Com as luzes setorizadas, as enfermeiras podem trabalhar durante a noite sem atrapalhar os que dormem e os pacientes podem controlar individualmente a intensidade da luz durante o dia. Esse controle além de contribuir para a recuperação do paciente ainda diminui o consumo de energia.”
Inovação da Philips
Outro ambiente que merece destaque é o Ambient Experience, desenvolvido pela Philips e já implantado no Sírio Libanês e no Hospital do Câncer, por exemplo. A ambientação das salas de exames é feita com leds, e é totalmente baseada na resposta emocional das pessoas diante da luz.
Além de ajudar o paciente a relaxar e controlar o medo e a ansiedade, o projeto também beneficia os profissionais e favorece o diagnóstico, já que distorções ocasionadas pela agitação do paciente são menores.
O sistema funciona com a projeção de imagens nas paredes e no teto, e comprovadamente ajudam a diminuir o estresse causado em claustrofóbicos e crianças. Uma das figuras chega a ensinar o pequeno paciente a prender a respiração, se for necessário. Segundo a pesquisa promovida pela empresa, nos Estados Unidos, 90% afirmaram que esse ambiente contribui para aumentar o conforto físico e emocional.
Comments