Se bem projetada, a unidade de processamento de roupas reduz a circulação de microorganismos nas instituições de saúde.
O papel da lavanderia é representativo na cadeia das infecções, pois "ela atua como central receptora e distribuidora de germes", segundo Jarbas Karman -- um grande arquiteto que participou diretamente no desenvolvimento dos conceitos de arquitetura hospitalar no Brasil, falecido em 2008. Nela, são processadas as roupas utilizadas nos serviços de saúde, como lençóis, fronhas, cobertores, toalhas, colchas, cortinas, roupas de pacientes, fraldas, compressas, campos cirúrgicos, máscaras, propés, aventais, gorros, dentre outros, por isso, é tida como área critica. Sua responsabilidade é abastecer o estabelecimento assistencial de saúde com roupas em condições de uso, limpas e descontaminadas, física e bacteriologicamente.
Considerada um setor de apoio logístico, a lavanderia, também chamada de unidade de processamento de roupas, exerce uma atividade especializada que pode ser própria ou terceirizada, intra ou extra serviço de saúde, devendo garantir o atendimento à demanda e a continuidade da assistência.
Se bem planejada, a unidade de processamento de roupas ajuda a eliminar os riscos de transmissão de infecção em ambientes de saúde, e, como dizia Karman, "o combate à infecção em hospitais tem o seu início na prancheta do arquiteto". Assim, o projeto de arquitetura aqui é primordial, devendo respeitar as normas vigentes e seguir as recomendações do "Manual de Processamento de Roupas de Serviços de Saúde: Prevenção e Controle de Riscos", da Anvisa.
Planejamento físico
As unidades de processamento de roupas incorporam três áreas - lavanderia, costura e rouparia -, sendo sua planta física estudada em função da dimensão, distribuição, localização das instalações, da circulação e do fluxo do serviço.
O espaço físico é dividido em dois ambientes isolados: área contaminada ou suja, para recebimento e manipulação das roupas sujas, e área limpa, para tratamento da roupa limpa.
O dimensionamento de uma lavanderia varia em função da barreira física, peso da roupa, tipo de tecido, equipamentos, instalações prediais, tipo de hospital, fluxo de roupa, técnicas de processamento, jornada de trabalho, qualificação de pessoal e condições climáticas. A análise desses condicionantes e suas inter-relações é necessária para orientar o fluxo das atividades que serão desenvolvidas na unidade de processamento de roupas.
O seu projeto arquitetônico é intrínseco ao cumprimento de normas técnicas e legais do Ministério da Saúde, que determinam cuidados para o combate a infecção cruzada, de forma a reduzir a entrada de microorganismos externos, melhor trânsito entre o setor e outras unidades e boas condições de trabalho aos funcionários.
Localização e dimensões
Preferencialmente, a unidade de processamento de roupas de serviços de saúde precisa estar localizada no pavimento térreo, próxima à casa de caldeiras e às centrais de suprimento, e com acesso e circulação restritos aos trabalhadores do setor.
Ela pode estar localizada na própria edificação ou em prédio anexo à mesma, de acordo com o desenho arquitetônico da instituição, sempre lembrando que a sua principal função é prevenir infecções.
Na definição da localização, são considerados o transporte e a circulação das roupas, a demanda, o sistema de distribuição de suprimentos, as distâncias entre as unidades que demandam roupas, ruídos, vibrações, tempo de transporte das roupas, emissão de calor e odores, risco de contaminação, direção dos ventos dentre outros.
As dimensões são calculadas em função do número de leitos da instituição, sendo o mínimo exigido de 60 m2 a 150 m2. De acordo com o Ministério da Saúde, 25% do espaço tem de ser ocupado com a sala de recepção, separação, pesagem e lavagem; 45% com secagem, passagem e dobragem; e 30% com armazenamento e distribuição.
Também é necessário considerar-se pé-direito, de modo que o ambiente comporte equipamentos e acessórios, dutos do sistema de climatização, uso de veículos e mecanismos de transporte, prevendo conforto e ergonomia para os trabalhadores.
FONTES: "Manual de Processamento de Roupas de Serviços de Saúde: Prevenção e Controle de Riscos, da Anvisa", e "Limpeza e Higiene, Lavanderia Hospitalar", de Silvana Torres e Teresinha Covas Lisboa, da CLR Balieiro Editores
Comentarii